Recuperado, finalmente

Explica-te, não fiques intimidado.

As portas das trevas abrem-se, numa noite enublada, onde não se vê vivalma a passear pelas ruas amargosas do meu coração. A porta encontra-se meia aberta sugerindo um convite para entrar, tenho medo, não sei que fazer, não desespero porque cheguei finalmente à conclusão que não merece a pena, mas admito que tenho medo, há muito que estas portas em tempo denominadas de portas do paraíso se fecharam.
Ganharam teias de aranha, pó, cores pálidas, negras e neutras, o tempo perdeu a conta ao tempo de há quanto tempo se encontravam cerradas. O aspecto é de o de um filme de terror com uma certa magia negra pelo meio. Mesmo assim, neste ambiente denegrido, fazes com que queira estar. Não tenho nada para ti, nada para tu trocares, para descartares ou humilhares. Espero e continuo a esperar que as portas entreabertas me presenteiem com a tua presença, nunca mais apareces, admito que chego a perder a esperança que algum dia te voltarei a ver. Estou totalmente “limpa” de sentimentos, a começar literalmente do zero, sem o tudo ou a total entrega que sempre me fora característica. Sinto, até que enfim, alguma nostalgia no ar. Saís-te das sombras como um cavaleiro coxo que perdeu uma das pernas em combate e não está recuperado do choque psicológico e físico. Não vens completamente arranjado para um príncipe encantado, vejo-te extremamente fosco. Mas o tempo urge, não sei como te hei-de explicar mas apanhaste-me de surpresa, não estava à espera que abrisses as portas tão cedo.

Trazes contigo alguém, não alguém de pessoa indefinida, mas alguém que conheço. Deste lugar a esse alguém e fundiste-te com esse mesmo, agora são um só, o amor agarrado ao alguém, ou alguém iluminado pelo amor.
Não te vou matar, como faço habitualmente, vou levar esta história até ao fim e arranjar-te-ei um final à altura, se necessário.